Maria Graham

15/12/1821

Maria Graham

Texto por Keila Gomes

Maria Dundas Graham Callcott foi escritora, pintora (aquarelista) e historiadora. Nasceu em 1785 na Inglaterra e esteve no Brasil por três significativas vezes. Em uma delas, como acompanhante real da Imperatriz Leopoldina e professora de sua filha, Maria da Glória.

Pintura colorida do busto de Maria Graham. Maria é uma mulher de pele  clara, bochechas e nariz rosados, cabelos e olhos castanhos, com um lenço  branco enrolado na cabeça.
Maria Graham, 1819. Pintura por Sir Thomas Lawrence. Fonte: Wikimedia Commons.     

Maria Graham, como ficou conhecida entre nós, vem conhecer a América do Sul em uma época em que era “moda” os europeus fazerem viagens aos trópicos, o que era considerado uma viagem exótica para os habitantes do velho mundo. Em um primeiro momento, ela vem com seu marido, Thomas Graham, capitão de fragata da marinha britânica, posto bastante elevado na época.

Diferente das esposas dos oficiais da marinha inglesa da época, que bordavam e teciam afazeres domésticos, já que passavam muito tempo em terra firme sem os seus maridos, Graham irá trabalhar no campo da intelectualidade, dedicando-se à edição e tradução de diversos livros.

Na viagem que faz com o seu marido para o Chile, Thomas é acometido por uma febre e falece. Maria Graham aluga uma cabana no país e permanece durante um ano por lá. Ela vai detalhar um dos piores terremotos do país.

Em 1823 vem ao Brasil a convite de Cochrane e presencia a transição da história da independência do Brasil. Narra tudo com uma riqueza ímpar de detalhes, no seu alentado livro Diário de uma viagem ao Brasil, uma das principais fontes para a história da Zona Oeste, já que ela conta com detalhes a sua viagem a cavalo do Palácio da Quinta da Boa Vista até a Fazenda de Santa Cruz.

Não só escreve detalhes minuciosos da área rural da cidade como também pinta muitos monumentos históricos de Santa Cruz.

Desenho em preto e branco da área externa do Palácio de Santa Cruz. O  palácio possui dois andares e, na fachada do lado esquerdo, três Torres. A  frente do Palácio contém duas torres, uma maior, à esquerda, com um  telhado de cúpula, e uma menor, com uma cruz no topo, Onde se localiza a  entrada Central.
Palácio de Santa Cruz, Fazenda Real de Santa Cruz, 1823. Desenho por Maria Graham. Fonte: Museu Britânico.     

Maria Graham mostra compaixão em relação ao mercado dos escravizados no Cais do Valongo, mas, paradoxalmente, cita a diferença dos povos originários daqui, que se mostram na visão dela “preguiçosos e selvagens”, na comparação com os povos originários chilenos que, segundo ela, estariam mais dispostos a sair das florestas para uma certa civilidade.

Não só fica encantada pelo Rio de Janeiro, como por outras partes do Brasil: Pernambuco e Bahia, em especial. É espectadora da jovem e independente nação brasileira. Só nos deixa definitivamente em 1826, quando D. João VI falece em Portugal e Dom Pedro I recebe o trono português, abdicando então para a sua filha, Maria da Gloria.

Regressa para Londres, onde conhece seu segundo marido, o pintor Augustus Callcott, do qual dizem que foi amor à primeira vista. Sofre um acidente na Itália e fica limitada a viajar longos períodos. Falece em 1842, aos 57 anos de idade.

Conheça mais:

200 anos da independência | O Brasil através dos diários de Maria Graham 

REFERÊNCIAS

INSTITUTO Itaú Cultural. Maria Graham. In: Enciclopédia Itaú Cultural. Acesso em: 7 jul. 2019.

GRAHAM, M. Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país: durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1956. Disponível em: https://bdor.sibi.ufrj.br/handle/doc/444.

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Published in 10/11/2023

Updated in 27/02/2024

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