Benedicto Freitas

01/12/1950

Benedicto Freitas 

Texto por Bruno Almeida

Fotografia colorida, tirada à noite, de Antônio e Benedicto, dois homens idosos, de cabelos brancos, posicionados lado a lado, em pé, em frente a uma mesa. Benedicto está ao microfone.
Benedicto Freitas e Antônio Nicolau Jorge em maio de 1987. Autor desconhecido. Acervo NOPH.    

Nascido em Santa Cruz, Rio de Janeiro, no dia 10 de janeiro de 1910, Benedicto Freitas foi muito mais do que um escritor, jornalista, pesquisador autodidata e historiador. Sua vida foi uma dedicada construção e preservação da rica história de Santa Cruz.

Desde os primórdios, Benedicto esteve ativamente envolvido na fundação de entidades importantes em Santa Cruz, como o Grêmio Procópio Ferreira em 1934 e o NOPH – Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica em 1983. Lançou o periódico "Imprensa Rural" em 1949, que circulou por 10 anos, e, em 1952, fundou a AAPJ - Associação dos Amigos da Ponte dos Jesuítas, em celebração aos 200 anos da ponte.

Com mais de 50 anos dedicados à pesquisa histórica, Benedicto explorou incansavelmente documentos no Arquivo Nacional, arquivos pessoais de D. Pedro de Orleans e Bragança, Biblioteca Nacional, Museu Imperial, Diários Oficiais, Livros de Registro de Ofícios e Portarias da Superintendência da Real Fazenda de Santa Cruz, relatórios e atas da Companhia Central de Abastecimento-COCEA, para citar alguns. Sua busca por conhecimento estendeu-se para além das fronteiras do Brasil, alcançando a Torre do Tombo em Portugal.

Benedicto não apenas acumulou conhecimento, mas também o compartilhou amplamente. Suas contribuições para jornais e revistas, como "O Triângulo", "Renascença" e Revistas Sul América, bem como suas publicações sobre a Fazenda de Santa Cruz no século XIX, demonstram seu compromisso em divulgar a história local.

Em 1950, publicou sua primeira obra, "História do Matadouro Municipal de Santa Cruz", e na década de 80 lançou a monumental obra "Santa Cruz Fazenda Jesuítica, Real, Imperial" em três volumes. Sua produção encerrou-se em 2000 com "O Simbolismo - A boêmia festiva e a belle époque na Cidade Maravilhosa", uma crônica fascinante do glamour literário e das noites festivas do Rio de Janeiro nas décadas de 20 e 30.

Benedicto participou ativamente das atividades do NOPH e do Ecomuseu, envolvendo-se em oficinas de história local, jornadas e palestras. Sua dedicação foi reconhecida em seminários e fóruns, e recebeu homenagens, como a designação de uma sala temática em sua honra no Museu Lyra Tavares.

O legado de Benedicto Freitas transcende suas contribuições acadêmicas. Ele valorizou a história local, inspirou outros pesquisadores e historiadores, e capacitou os habitantes de Santa Cruz a se envolverem ativamente na preservação de seu patrimônio comum.

Além disso, em reconhecimento ao trabalho inestimável. A principal praça do bairro, conhecida como a Praça do Rinque, desde 2008 passou a ser a Praça Historiador Benedicto Freitas, através da Lei Municipal nº 3.944, de 16 de março de 2005. Benedicto também é homenageado com um saguão dentro do Batalhão Villagran Cabrita, onde objetos e artefatos de expedições arqueológicas contam parte de sua história.

Benedicto Freitas faleceu em 20 de maio de 2002, deixando um inestimável legado para a comunidade de Santa Cruz, especialmente no ano em que a Ponte dos Jesuítas, uma de suas grandes paixões, completava 250 anos. Sua memória vive através das páginas da história que ele dedicou a contar e preservar.

Conheça mais:

REFERÊNCIAS

Caixa Personalidades, Benedicto Freitas - Acervo NOPH

PRIOSTI, Odalice Miranda. Mémoria, Comunidade e Hibridação: Museologia da Libertação e Estratégias de Resistência. Rio de Janeiro: UFRJ 2010.

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Published in 13/11/2023

Updated in 5/03/2024

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