Princesa Isabel

29/07/1871

Princesa Isabel

Texto por Thamires Siqueira

Nascida no Rio de Janeiro em 29 de julho de 1946, a Princesa Isabel, ou Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, segunda filha de D. Pedro II com Dona Teresa Cristina, tornou-se herdeira presuntiva do trono aos 11 meses de idade, sendo a melhor opção devido à morte do primogênito Afonso Pedro, e também de Pedro Afonso, o terceiro filho. Dessa forma, somente ela e Leopoldina havia como opção, fato que não agradou a todos e tornou a decisão impopular, por ser, Isabel, uma herdeira mulher. Porém, anos mais tarde, foi considerada uma das figuras femininas mais importantes da história do país.

Fotografia em preto e branco da Princesa Isabel. Ela é uma mulher branca,  tem os cabelos repartidos ao meio, presos para trás, e olha para a câmera.  Está virada para o lado esquerdo, com os braços apoiados sobre um balcão  de madeira, e um leque fechado sobre a mão direita, que está em cima da  esquerda. Ela usa um longo vestido preto, de saia armada, e parte de cima  com detalhes em renda.
Isabel, Princesa do Brasil, 1846-1921. Autor Pacheco, Joaquim Insley. Fonte: Wikimedia Commons.   

Criada no Paço de São Cristóvão, dedicou-se a estudos diversos, tornando-se, posteriormente, uma figura marcante por sua inteligência e seu caráter administrativo, uma vez que, sendo herdeira do trono, era responsável por governar o país quando da ausência de seu pai Pedro II, fato que ocorreu em 3 ocasiões: em 1871 quando assinou, em Santa Cruz, a Lei do Ventre Livre, que libertava os filhos nascidos de mães escravizadas; em 1876 e 1877 quando lidou com os conflitos entre a maçonaria e o catolicismo; e em 1888 quando assinou a Lei Áurea, decretando a abolição da escravatura no Brasil. 

Pintura colorida de um grande salão de arquitetura Nobre, onde dezenas de  homens, trajando ternos e fardas, e algumas mulheres de vestidos  armados, assistem à Princesa Isabel ler a Lei Áurea.
Abolição da Escravatura, quadro por Victor Meireles em 1888. Fonte: Wikimedia Commons.  

Por esses decretos, foi considerada por muitos como uma humanista e adepta à causa abolicionista, ao realizar reuniões e sempre portar camélias, flores símbolos da causa. Porém os movimentos pela abolição já ocorriam pelo mundo todo, sendo o Brasil um dos últimos países a aderir após toda uma movimentação popular, tornando a assinatura algo inevitável, e não inovador, e que teria ocorrido independente de seu desejo. O seu diferencial foi que, ao contrário de seu pai, teve coragem para assinar e tomar uma decisão, mesmo que tardia. Com a assinatura, foi considerada a grande redentora dos escravos, fato que a trouxe mais inimizades dentro da elite.

Casou-se aos 18 anos com o francês Luís Filipe Maria Fernando Gastão de Orléans, o Conde d’Eu, e teve 4 filhos, Luísa Vitória, Pedro, Luís e Antônio. Com a proclamação da república em 1889 e a expulsão da família real, ela se exilou na França junto de seu marido. Sem nunca ter retornado ao Brasil, ela faleceu em 1921 aos 75 anos, e atualmente se encontra enterrada junto ao seu marido, em um mausoléu na Catedral de Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Para o bairro de Santa Cruz, sua presença se faz muito importante ao ser homenageada em diversos pontos como avenidas, escolas e prédios, sendo um exemplo o Palacete Princesa Isabel, antiga sede administrativa do Matadouro, que recebeu o nome em sua homenagem e hoje muito dos moradores confundem acreditando que a princesa ali viveu, o que de fato nunca ocorreu. Na verdade, o atual Batalhão Villagran Cabrita, antiga sede da Fazenda Real e Imperial era onde onde ficava hospedada a Família Real quando visitava a localidade, sendo casa de veraneio e palco de muitos acontecimentos.

Atualmente, após o centenário da sua morte, Isabel se encontra em processo de canonização na Igreja pela sua relação e atos em prol da Igreja católica, processo que teve pausa e não avançou durante a pandemia, mas que também está gerando controvérsias para aprovação por historiadores que analisam que suas ações durante o período abolicionista não foram tão benevolentes assim.

Fotografia em preto e branco, interna, da Princesa Isabel, em pé. Retratada  de corpo inteiro, a princesa está virada para a esquerda, trajando um  vestido de saia longa, com um laço comprido na cintura, e parte de cima de  renda. Com as mãos, ela segura a parte de trás de uma cadeira, Olhando  em direção a uma porta de vidro.
Fotografia de Estado mais ou menos na época em que assumiu a primeira regência: PACHECO, Joaquim Insley. Princesa Isabel: [retrato]. [S.l.: s.n.], [18--]. 1 foto, papel albuminado, p&b, 38,2 x 30,8 cm. Coleção Theresa Christina Maria. Fonte: Biblioteca Nacional.   

REFERÊNCIAS

COORDENAÇÃO-GERAL DE ACESSO E DIFUSÃO DOCUMENTAL (COACE). Arquivo Nacional. Lei do Ventre Livre. Gov.br, set. 2017. Disponível em: https://www.gov.br/arquivonacional/pt-br/canais_atendimento/imprensa/copy_of_noticias/lei-do-ventre-livre. Acesso em: 28 set. 2023.

FRAZÃO, Dilva. Princesa Isabel. eBiografia, jul. 2021. Disponível em: https://www.ebiografia.com/princesa_isabel/. Acesso em: 28 set. 2023.

MACHADO, Sandra. Prestígio e vanguarda desde o império. MultiRio - Rio de Janeiro, maio 2013. Disponível em: https://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/reportagens/489-prestigio-e-vanguarda-desde-o-imperio. Acesso em: 30 set. 2023.

PIMENTA, Paula. Cem anos da morte da Princesa Isabel, a regente que reinou além do machismo. El País Brasil [on-line], nov. 2021. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2021-11-14/cem-anos-da-morte-da-princesa-isabel-a-regente-que-reinou-alem-do-machismo.html. Acesso em: 28 set. 2023.

SILVA, Daniel Neves. Princesa Isabel. Brasil Escola, [20–?]. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/princesa-isabel.htm. Acesso em: 28 set. 2023.

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Published in 10/11/2023

Updated in 27/02/2024

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