Morro do Mirante

1596

Morro do Mirante 

Texto por Guaraci Rosa

Este acidente geográfico de Santa Cruz é uma referência histórica do bairro, pois sobre ele podemos citar diversas situações ocorridas. Conhecido também como Morro do Cruzeiro, ou ainda Morro do Mirante Imperial, já instalou em seu mais alto ponto um reservatório da CEDAE (hoje Águas do Rio), um observatório meteorológico e uma atalaia.

Uma das táticas utilizadas pela Igreja Católica no Brasil para vigiar suas terras era ter uma igreja no ponto mais alto da localidade onde estava sua propriedade. Caso a igreja não estivesse no lugar mais alto, nesse ponto era construída uma atalaia, uma espécie de sentinela, para vigiar toda a região. Em Santa Cruz não foi diferente: com seus 65 metros de altura, o Morro do Mirante é o local mais alto do bairro. Uma atalaia nesse morro foi uma estratégia dos jesuítas, donos da terra. De 1596 até 1759 (ano da expulsão dos jesuítas), ela foi usada para vigiar o trabalho das pessoas escravizadas e a entrada de possíveis invasores.

Arte feita à mão de uma pequena casa construída com oito paredes iguais, um octogano, em cada parede há janelas com aros. No alto da casa há uma antena. Em torno do terreno, tem um muro pequeno de pedras, na divisa com um barranco.
Pequeno Pavilhão no Morro do Mirante, onde o imperador D. Pedro II se dedicava à astronomia. Fonte: Livro Santa Cruz, Fazenda Jesuítica, Real, Imperial. Volume III, Império, Benedicto Freitas.  

Importante ressaltar que no período joanino (1808 - 1821) foi construído lá em cima um observatório octogonal, e D. João VI, quando visitava Santa Cruz, ia ao Morro do Mirante para apreciar a bela paisagem santacruzense. Com o advento do império (1822), D. Pedro I e D. Pedro II visitaram o observatório diversas vezes. No século XIX, diversos viajantes estrangeiros estiveram no bairro e alguns deles foram ao Mirante. Um deles foi o primeiro embaixador da Bélgica no Brasil, Sr. Benjamin Mary. O belga acompanhou em 1837 o jovem D. Pedro, herdeiro do trono, que em 1840 seria aclamado por D. Pedro II, imperador do Brasil. O embaixador, durante sua visita, fez questão de desenhar o mirante e D. Pedro numa bela gravura. Em 1885, o Conde D’Eu, príncipe consorte (era casado com a princesa Isabel, filha de D. Pedro II), também esteve no mirante, acompanhando manobras militares.

Em 17 de dezembro de 1967, é colocada no local uma cruz de oito metros, pintada com tinta fluorescente. Nesse mesmo mês, o bairro de Santa Cruz completava quatrocentos anos (no dia 27 de dezembro de 1967), e a cruz fazia parte dos festejos. Importante lembrar que era uma homenagem a uma cruz existente em frente à Fazenda Santa Cruz (hoje Batalhão de Engenharia de Combate - Villagran Cabrita).

Fotografia colorida de um cruzeiro, uma cruz de madeira grande, com cerca de 2 metros, centralizado, no topo de uma escada, em dia nublado. A escadaria aparece de frente, com um corrimão e árvores ao lado.
Cruzeiro localizado no Morro do Mirante. Foto por Mônica Parreira.  

Na inauguração do cruzeiro estiveram presentes diversas personalidades e autoridades do bairro, tais como: Coutinho Lopes, administrador da coordenadoria regional do bairro, coronel Wilson Gomes da Silva, comandante do batalhão Villagran Cabrita, e o coronel aviador Franklin Enéas de Miranda Galvão, comandante da Base Aérea de Santa Cruz. Nessa época, Santa Cruz fazia parte do estado da Guanabara (1960 - 1975), e o governador Negrão de Lima esteve presente nos festejos.

Fotografia em preto e branco de um morro, com alguns prédios no alto e, no topo, um prédio maior, durante o dia. Na parte de baixo do morro, perto de onde a foto foi tirada, há algumas árvores.
Morro do Mirante, também conhecido na época como Morro da Caixa d’água, data provável: década de 1930. Autor Desconhecido. Acervo NOPH.  

REFERÊNCIAS

FREITAS, Benedicto. Santa Cruz: Fazenda jesuítica, real e imperial. Volume I. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 1985.

O GLOBO. Rio de Janeiro, 19 dez. 1967.

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Published in 10/11/2023

Updated in 20/02/2024

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