Chegada da família real a Santa Cruz

22/01/1808

Chegada da família real a Santa Cruz

Texto por Thamires Siqueira

Mesmo com uma mudança conturbada para o Brasil, após a invasão das tropas francesas por Napoleão Bonaparte às terras portuguesas, a chegada da família real a Santa Cruz, no ano de 1808, tornou-se um marco na história do bairro e do Rio de Janeiro, trazendo para o território enorme influência política, econômica e cultural. 

Para recebê-la, a região passou por diversas adaptações em sua infraestrutura, o que nos trouxe muitos benefícios e prestígio, como as construções imponentes, monumentos, palacetes e solares presentes no bairro até hoje, formando nosso patrimônio histórico. Além do fato de que essa presença foi responsável, anos depois, pelo início do processo de industrialização do Rio de Janeiro.

Após a expulsão dos jesuítas dos domínios portugueses, todos seus bens se tornaram pertencentes à Coroa portuguesa, como por exemplo o prédio sede da Fazenda de Santa Cruz, o antigo convento, que se transformou no Palácio Real de Santa Cruz, uma sede provisória da Corte e casa de veraneio da família real e Imperial no Brasil.

Sua chegada também atraiu a presença de povos imigrantes, como como os italianos, árabes, japoneses e chineses, criando assim a mistura de raças e culturas que formam a população de Santa Cruz. 

Entre as figuras importantes presentes nesta vinda, encontravam-se muitos artistas, como Debret e Thomas Ender, que foram inspirados pela paisagem rural de Santa Cruz em suas representações, tornando-se um dos bairros cariocas que mais tiveram suas paisagens retratadas.

Santa Cruz também foi palco de muitos outros eventos importantes, como os citados abaixo:

Durante o Reinado, no palácio se realizavam audiências públicas, recepções, bailes e saraus, reunindo-se grandes nomes da época. Foi inclusive o local de marcos importantes, como, por exemplo: onde cresceram e foram educados os príncipes D. Pedro e D. Miguel; onde D. Pedro I passou sua lua de mel com a imperatriz Leopoldina; onde, anos depois, D. Pedro I se reuniu com José Bonifácio antes de decidir declarar a independência do Brasil, em 1822; onde foi instalada, em 1842, a primeira linha telefônica da América do Sul - um exemplar recebido de Alexander Graham Bell e que está exposto atualmente no Museu Imperial de Petrópolis -, para que pudessem se comunicar com o paço de São Cristóvão, e onde se inaugurou, no mesmo ano, a primeira agência dos Correios do Brasil; e onde a Princesa Isabel assinou, em 1871, a Lei do Ventre Livre. Acontecimentos esses que reafirmam o papel da Fazenda Real de Santa Cruz como cenário de inovação. Atualmente o prédio pertence ao exército, sendo onde funciona o Batalhão Villagran Cabrita (Siqueira, 2021).

Retrato de Dom João VI, pintado à mão com tinta colorida. Dom João sexto é um homem de pele e cabelos brancos, com uma grande costeleta e sem barba ou bigode. Veste uma capa branca estampada, uma calça justa também branca e sapatos pretos. Em seu peito, há vários brasões e uma faixa nas cores vermelho, amarelo e azul. Ele está em pé, em frente a seu trono de ouro, com um cetro de ponta redonda em uma das mãos, enquanto a outra mão está na cintura, apoiando uma espada. ao fundo, uma parede marrom e uma janela semiaberta, à esquerda, através da qual se pode ver o céu ainda claro.
Retrato de Dom João VI, 1817. Imagem por Jean Baptiste Debret. Fonte: Wikimedia Cammons.     
Fotografia colorida da maquete, com aproximadamente trinta bonecos representando as pessoas da família real e funcionários. Há pessoas com roupas cheias de babados e cavalos brancos diante de uma carruagem, parados em frente a um prédio branco, com muitas janelas e uma porta azul, bem como detalhes que remetem a uma construção colonial.
Maquete produzida por Janaina Botelho exposta no Palacete da Princesa Isabel, retrata a chegada da Família Real de Portugal ao Brasil. Novembro de 2023. Foto por Vitor Tavares.   

Conheça mais:

REFERÊNCIAS

ENGEMANN, Carlos. Santa Cruz: de legado dos jesuítas à pérola da Coroa. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013. 

FREITAS, Benedicto. Santa Cruz: fazenda jesuítica, real, imperial. Rio de Janeiro: Folha Carioca, 1985.

SIQUEIRA, Thamires de Assis Alves. Cultura para quem? Reflexões sobre políticas públicas e direitos culturais na Zona Oeste carioca. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Museologia) - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.

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Published in 10/11/2023

Updated in 20/02/2024

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